terça-feira, 26 de setembro de 2017

Suicídio na tenra idade, por Ana Echevenguá





Nascemos com instinto de sobrevivência. Viver é nosso objetivo maior. Por isso, dentre as mais eficientes ‘ferramentas’ de um bebê está o choro para  expressar sua dor ou desconforto. Desta forma, comunica-se com a nova equipe que o recepcionou e que vai acompanhar sua jornada.

Se falar de suicídio de adulto é difícil, imaginem abordar o tema suicídio de crianças e adolescentes. A sociedade ainda refuta esta ideia. Na verdade, parece que seus pensamentos só são voltados para brincar, comer e dormir... e viver intensamente cada minuto. Pais de adolescentes que se mataram, por exemplo, tendem à negação, talvez para refrear o sentimento de culpa. Ainda são precários os estudos sobre os suicídios juvenis e sua prevenção. Mas, alguns números são evidentes. De acordo com o psiquiatra Ricardo Nogueira, coordenador do Centro de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio do Hospital Mãe de Deus, o suicídio é hoje no Rio Grande do Sul a principal causa de morte entre meninas de 14 a 19 anos e a terceira causa entre os garotos, atrás do homicídio e do trânsito. E um dos principais motivos seria a  falta de estrutura familiar.

Segundo o psicólogo Rossandro Klinjey, aumentou o número de crianças e jovens vítimas de suicídio, apesar das parcas pesquisas a respeito do tema. Ele entende que estamos educando mal nossos filhos, deixando-os despreparados para o enfrentamento das perdas e frustrações.



Miguel Angelo Boarati, psiquiatra da Infância e Adolescência, explica-nos que as crianças entendem a morte como algo transitório e reversível, que podem morrer para encontrar alguém querido que faleceu e depois retornar a viver normalmente. E que os adolescentes enxergam-na como uma situação definitiva; que o desejo de morrer pode surgir a partir de uma frustração ou perda embora existam várias outras situações patológicas como a depressão, o uso de drogas e álcool e traços de personalidade emocionalmente instável. 

Chegou a hora de darmos a devida atenção a este problema. Entender que o comportamento suicida é algo mais corriqueiro do que imaginamos. Precisamos observar mais assiduamente os jovens que nos cercam. Muitas vezes, eles nos dão indicativos de suas intenções... mas só percebemos quando é tarde demais.





Ana  Candida  Echevenguá, OAB/RS  30.723, OAB/SC 17.413-A, advogada e articulista, especializada em Direito Ambiental e em Direito do Consumidor. Coordenadora do Programa Eco&Ação, no qual desenvolve um trabalho diretamente ligado às questões socioambientais, difundindo e defendendo os direitos do cidadão à sadia qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e-mail: anaechevengua@gmail.com




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