Nascemos com
instinto de sobrevivência. Viver é nosso objetivo maior. Por isso, dentre as
mais eficientes ‘ferramentas’ de um bebê está o choro para expressar sua dor ou desconforto. Desta
forma, comunica-se com a nova equipe que o recepcionou e que vai acompanhar sua
jornada.
Se
falar de suicídio de adulto é difícil, imaginem abordar o tema suicídio de
crianças e adolescentes. A sociedade ainda refuta esta ideia. Na verdade,
parece que seus pensamentos só são voltados para brincar, comer e dormir... e
viver intensamente cada minuto. Pais de adolescentes que se mataram, por
exemplo, tendem à negação, talvez para refrear o sentimento de culpa. Ainda são
precários os estudos sobre os suicídios juvenis e sua prevenção. Mas, alguns
números são evidentes. De acordo com o psiquiatra Ricardo Nogueira, coordenador
do Centro de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio do Hospital Mãe de Deus,
o suicídio é hoje no Rio Grande do Sul a principal causa de morte entre meninas
de 14 a 19 anos e a terceira causa entre os garotos, atrás do homicídio e do
trânsito. E um dos principais motivos seria a
falta de estrutura familiar.
Segundo o
psicólogo Rossandro Klinjey, aumentou o número de crianças e jovens vítimas de
suicídio, apesar das parcas pesquisas a respeito do tema. Ele entende que
estamos educando mal nossos filhos, deixando-os despreparados para o
enfrentamento das perdas e frustrações.
Miguel Angelo Boarati, psiquiatra da Infância e Adolescência,
explica-nos que as crianças
entendem a morte como algo transitório e reversível, que podem morrer para
encontrar alguém querido que faleceu e depois retornar a viver normalmente. E que
os adolescentes enxergam-na como uma situação definitiva; que o desejo de
morrer pode surgir a partir de uma frustração ou perda embora existam várias
outras situações patológicas como a depressão, o uso de drogas e álcool e
traços de personalidade emocionalmente instável.
Chegou a hora
de darmos a devida atenção a este problema. Entender que o comportamento
suicida é algo mais corriqueiro do que imaginamos. Precisamos observar mais
assiduamente os jovens que nos cercam. Muitas vezes, eles nos dão indicativos
de suas intenções... mas só percebemos quando é tarde demais.
Ana Candida Echevenguá, OAB/RS 30.723, OAB/SC
17.413-A, advogada e articulista, especializada em Direito Ambiental e em
Direito do Consumidor. Coordenadora do Programa Eco&Ação, no qual
desenvolve um trabalho diretamente ligado às questões socioambientais,
difundindo e defendendo os direitos do cidadão à sadia qualidade de vida e ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, e-mail: anaechevengua@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário