segunda-feira, 5 de outubro de 2015

‘No’, artigo de Ana Candida Echevenguá




… E o fascismo é fascinante deixa a gente ignorante e fascinada. É tão fácil ir adiante e se esquecer que a coisa toda tá errada…” – ‘Toda forma de poder’ de Humberto Gessinger (da banda extinta Engenheiros do Hawai).
O filme ‘No’ - sob a direção de Pablo Larrain e escrito por Pedro Peirano - é uma boa oportunidade para pensarmos sobre a verdadeira história da nossa América Latina.

Não se trata de uma megaprodução cinematográfica, com atores pouco conhecidos… nem sei se concorreu ao Oscar!

O tema é fantástico: como transformar o fim da ditadura chilena num “produto vendável e atrativo ao consumidor (eleitor)”? Em 1988, Pinochet é obrigado a levar o povo às urnas para decidir – através de um plebiscito – sobre a continuidade do seu governo ditatorial.


 E o povo tem que decidir “Si” ou “No”.

Os pensadores da campanha eleitoral do “No” apresentam uma proposta insólita para os quinze minutos televisivos da campanha eleitoral. Primeira oportunidade de manifestação após quinze anos de mordaça.

Sem pieguice, ficou entendido que o mesmo caixa que colocou Pinochet no poder remunera os marqueteiros que pretendem tirá-lo.
À primeira vista, parece inacreditável que o eleitor chileno tenha que ser seduzido para adquirir o produto ‘fim da ditadura’. Mas, uma fala de um dos generais de Pinochet – comendo bergamota no pomar – explica tudo: “o povo não está interessado nessa campanha, o povo está dormindo”.
 
América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor.
 

Talvez um dia o gemido das masmorras
E o suor dos operários e mineiros
Vão se unir à voz dos fracos e oprimidos
E as cicatrizes de tantos guerrilheiros
Talvez um dia o silêncio dos covardes
Nos desperte da inconsciência deste sono.”
Dante Ramon Ledesma

Dormindo e cicatrizados. Anestesiados e oprimidos. Fascinados e inconscientes. Óbvio! Os chilenos já haviam experimentado as farsas dos plebiscitos fraudulentos de 1978 e de 1980, que deram legitimidade e prorrogação à ditadura. Este parecia ser mais uma fraude.

Ainda da canção “Toda forma de poder” de Humberto Gessinger (da banda extinta Engenheiros do Hawai): “Fidel e Pinochet tiram sarro de você que não faz nada”.

(E, pensando o momento atual brasileiro, o resultado das eleições de 2012, podemos dizer também que – de igual sorte – estamos anestesiados e adormecidos… em berço esplêndido. Agora, por exemplo, o que importa é o futebol da Copa que está por vir).

Afinal, já nos acostumamos à legitimação de inúmeras ilegalidades, irregularidades, arbitrariedades… tudo para preservar os interesses espúrios dos Detentores do Poder e de seus amigos e apadrinhados. Parece pacífico que, aqui, o Estado não mais existe para resguardar os direitos do homem. “A história se repete, mas a força deixa a história mal contada…”.

Embora eu não veja mais poesia e romantismo nas eleições – até mesmo as para diretor de escola ou para associação de bairro – finalizo com os versos de Neruda, escritos em sua juventude, em 1924 (Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada). Que me fazem pensar: ao escrevê-los, pensava na mulher amada ou na liberdade e na justiça, direitos pelos quais lutaria anos mais tarde?

“Não te quero senão porque te quero

e de querer-te a não te querer eu quero

e de esperar-te quando não te espero

passa o meu coração de frio ao fogo.

Te quero só porque a ti eu te quero,

do ódio sem fim, e odiando-te rogo,

e a medida de meu amor viajante

é não ver-te e amar-te como um cego. Talvez consumirá a luz de janeiro,

seu raio cruel, meu coração inteiro,

roubando-me a chave do sossego.

Nesta historia tão só eu me faleço

e morro de amor porque te quero,

porque te quero, amor, a sangue e fogo”.



 Ana  Candida  Echevenguá, OAB/RS  30.723, OAB/SC 17.413, advogada e articulista, especializada em Direito Ambiental e em Direito do Consumidor. Coordenadora do Programa Eco&Ação, no qual desenvolve um trabalho diretamente ligado às questões socioambientais, difundindo e defendendo os direitos do cidadão à sadia qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. email: ana@ecoeacao.com.br.

domingo, 4 de outubro de 2015

A Alma de Hitchcock, artigo de Ana Candida Echevenguá





    Adoro cinema. Bons filmes. Não gosto de assistir à premiação do Oscar porque não entendo a avaliação que eles fazem da produção cinematográfica. E, ontem, assistindo ao filme 'Hitchcock', soube que este não faz parte da lista dos ganhadores desse troféu. O que só reforça o meu 'não gostar'.

       O roteiro ampara-se no livro "Alfred Hitchcock And The Making Of Psycho", de Stephen Rebello. A reprodução dos anos 60 é perfeita. E o enfoque dado às mulheres que trabalharam com Hitchcock é muito importante. Elas demonstram eficiência nas várias jornadas que desempenham. As atrizes deixam claro que são atrizes e mães. E que querem dar continuidade a esses papéis.

Eu nunca ouvira falar da esposa de Hitch. De sua Alma. Nome perfeito para a mulher que o acompanha na cama, na cozinha e nos bastidores; que cuida de sua alimentação e o obriga a atividades físicas; que mantém acesa a chama do amor num casamento de 30 anos... 


Há tantas Almas espalhadas pelo mundo! Nascemos para produzir grandes obras. Na maior parte das vezes, em parceria com os parceiros que elegemos. 

Helen Mirren já havia feito algo parecido. Em 2009, interpretou Sofya Andreyevna, esposa de Leon Tolstoi, no filme “A última estação”. Assim como Alma, Sofya foi grande colaboradora das obras do marido. 

Helen é uma mulher que, na tela, sem se despir totalmente, evidencia a doçura e o magnetismo da sedução feminina; a energia sexual que deve permear os relacionamentos amorosos... é inesquecível uma das cenas eróticas do filme  "Red - Aposentados e Perigosos", em que ela faz amor na grama. 

A mulher do século XXI padece dos mesmos males que experimentou a mulher dos séculos passados. Estamos em 2013. Segundo dados atuais da ONU – Organização das Nações Unidas -, sete em cada dez mulheres em todo o mundo foram vítimas de abusos físicos ou sexuais em algum momento de sua vida (na maioria dos casos, a violência é doméstica).

Mas, acho que a ONU não contabilizou a injúria nesses dados, que também é uma forma de violência. Tão destrutiva que é passível indenização pelos prejuízos que provoca. 

Voltando ao Hitchcock! Alma – através da talentosa Helen Mirren e do diretor Sacha Gervasi – passou seu recado: ao lado (e não atrás) de um grande homem há sempre uma grande mulher. 

Portanto, é um filme que toda mulher deve assistir, analisar, ... principalmente as “ilustres desconhecidas”, que contribuem para o sucesso de seus parceiros e/ou cônjuges. E que – na maior parte das vezes – não são valorizadas. 



Ana  Candida  Echevenguá, OAB/RS  30.723, OAB/SC 17.413, advogada e articulista, especializada em Direito Ambiental e em Direito do Consumidor. Coordenadora do Programa Eco&Ação, no qual desenvolve um trabalho diretamente ligado às questões socioambientais, difundindo e defendendo os direitos do cidadão à sadia qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. email: ana@ecoeacao.com.br.

Outubro Rosa no Projeto Dança para Todos





Beatriz Apati

Outubro Rosa. O Grupo de Balé Sapatilha dos Sonhos abraça esta causa!!! Mamães das bailarinas, vamos juntas nos prevenir incentivar e ajudar mais mulheres na prevenção do câncer de mama. 



Cuidem-se. Façam o teste; é muito importante!

Que outubro seja o mês da vida, o mês da alegria, o mês da saúde... Que juntas possamos nos ajudar mutuamente, prevenindo e buscando saúde. Que possamos ver nossas meninas rosas dançando e dançando por muitos e muitos anos!!!



Beatriz Apati, idealizadora do Projeto Dança para Todos, professora e coordenadora do Grupo Sapatilha dos Sonhos