segunda-feira, 1 de junho de 2020

Honrar nossos ancestrais, por Ana Echevenguá


Lendo o livro Roteiro, psicografado por Chico Xavier, deparei-me com estas frases de Emmanuel: “Milhões de vidas formam o pedestal em que nos erigimos. E, alcançando o entendimento, cabe-nos auxiliar as vidas iniciantes”. 

‘Milhões de vidas’ – em sucessivas reencarnações - tornaram possível minha estada neste planeta, neste momento... como não ser grata?

Honrar pai e mãe, lembram-se disso?

Ancestrais, amigos e conhecidos, até mesmo antagonistas desses... tantas pessoas ajudaram a pavimentar a estrada que ora percorro... impossível não ser grata! 

Bert Hellinger, criador da Constelação Familiar, ensinou-nos a olhar com amor aos que nos antecederam porque, além da ajuda no passado, continuam nos dando força no presente: “A vida passou através deles até chegar até mim e em sua honra viverei plenamente”.

Um sopro de vida, de amor, percorrendo toda a nossa árvore genealógica!

Para sermos merecedores desta benesse, além da gratidão, devemos viver felizes, em plenitude, aproveitando cada minuto, honrando o sacrifício que essas pessoas experimentaram para, de certa forma, abrandar os caminhos de nossa existência. 

Claro que, compreendendo estes fatos, vislumbro minha obrigação de auxiliar as gerações futuras. Hellinger deixou bem claro que a força e as bênçãos das gerações passadas sempre reverberam nas gerações seguintes. 

Então, nesses dias de quarentena, que nos levam à reflexão, olhem para trás, com amor, gratidão, tolerância e respeito; abençoem seus antepassados, em especial, seus pais: “Que todas as gerações passadas e futuras sejam agora, neste instante cobertas com um arco-íris de luzes que curem e restaurem o corpo, a alma e todos os relacionamentos”. 



segunda-feira, 25 de maio de 2020

Por que nasci nesta família?, por Ana Echevenguá



Quantas vezes, ouvimos ou, até mesmo, dissemos: 

- Eu não pedi pra nascer!; 

- Você é a pior mãe do mundo!; 

- Quem queria um irmão assim?...

Pra essas pessoas é difícil explicar que temos a plena liberdade, no Mundo Espiritual, de escolher a família que nos acolherá no retorno à Terra.

Sério? Sério...

Na Erraticidade, não ficamos deitados nas nuvens,... Temos tempo para pesquisar, estudar, observar, conversar com nossos Guias Espirituais e, assim, fazermos o melhor Projeto Reencarnatório. Aquele que – dessa vez - vai dar certo! 

Lembrando sempre que  somos  espíritos imperfeitos, engatinhando rumo à evolução... Assim, não podemos ainda usufruir de uma vida sem provações. 

Então, essa liberdade nos permite escolher as provas que vamos vivenciar. E, às vezes, decidimos por uma prova mais difícil, mais complicada... Pra quê? Pra evoluirmos mais rapidamente.

Emmanuel não deixa dúvida sobre isso: “Qual ocorre ao enfermo que solicita assistência adequada antes da consulta, imploraste, antes do berço, a prova que te agracia”.


Assim, fica mais fácil entender por que desembarcamos no nosso atual grupo familiar.

E, se, nessa família, tem um parente-problema, que nos causa transtornos, será que não é a nossa prova escolhida? Pode ser a  grande tarefa a cumprir, aquela que vai nos ajudar a progredir rapidinho, a chegar mais perto da angelitude. 

Lembram-se daquela máxima do Chico Xavier? “Nasceste no lar que precisavas... De acordo com o teu adiantamento”.

O que fazer então? Relaxar, entender e tentar tirar nota dez nesta prova. Tolerância, paciência, resiliência, empatia e muito amor... não há muitas outras alternativas.

Se parece impossível agir assim, novamente Emmanuel nos dá um puxão de orelha a respeito do assunto: “Milhares de companheiros desenleados da carne suplicam o ensejo que já desfrutas. Mergulhados na dor maior, tudo dariam para obter a dor menor em que te refazes”.

Olhando desta forma, nem parece tão complicado assim, não é mesmo? 

Então, respire fundo e agradeça a oportunidade de desfrutar de sua família! Muitos dariam tudo pra estar no seu lugar. Assim falou Emmanuel...




sábado, 23 de maio de 2020

A pandemia e o chamado da Vida, por Ana Echevenguá



Estamos imersos num período de incertezas, dúvidas... Alguém sabe dizer como será, amanhã, o nosso mundo, numa dimensão global?

Claro que isso mexe com nossos medos e ansiedades, porque estamos lidando com o desconhecido. Acordamos e dormimos assombrados com o medo da morte, da doença, da loucura... juntos, batendo na nossa porta. 

Tudo bem! Nas horas de crise, a Espiritualidade Amiga não exige demonstrações heroicas. Solicita-nos, tão somente, que saibamos suportar as provas, adquirindo  experiência.

Ou seja, as situações de incerteza dos dias  atuais exigem equilíbrio.

E o equilíbrio não é algo estático: é dinâmico, restaurável, adaptável às pedras do caminho; deve adequar-se às dificuldades do cotidiano...

Errar e corrigir, para acertar sempre mais, conforme nos ensina Emmanuel.  

Esta crise não é novidade! Faz tempo que o Universo está nos enviando sinais, alertando-nos que iria mexer nas ‘nossas grandes certezas’ pra implementar  as mudanças necessárias.

Mas, até agora, parece que só vemos aquele grande ponto de interrogação.

Respire fundo e acredite: estas incertezas nada mais são do que as forças benéficas do Universo exigindo uma readaptação para voltarmos ao ponto de equilíbrio. É a Vida exigindo readequação, obrigando-nos a pensar em outras formas de viver, de progredir,  de ser feliz...

Por isso, não devemos nos desestabilizar diante dessas incertezas e das mudanças necessárias. Somos espíritos em processo de evolução... Podemos ser como a água, que se adapta magnificamente às circunstâncias, ao meio onde se encontra...

A pandemia veio nos avisar que chegou a hora de deixarmos o passado paralisante no qual nos acomodamos e recriarmos o futuro; com foco na nossa missão, nos impositivos do nosso roteiro, naqueles compromissos que assumimos no Plano Espiritual, bem antes de aterrissarmos neste planeta.

Hora de deixar no passado seus erros, culpas, intrigas, ódio, mágoas... 

E vislumbrar no futuro a realização de seus sonhos, dos seus propósitos divinos...

Assim, de ora em diante, não pense nem fale mais na pandemia. Entregue-se, de corpo e alma, a este chamado da Vida, mostrando  horizontes largos para o cumprimento de sua missão.



quinta-feira, 21 de maio de 2020

Laços de Família, por Ana Echevenguá



No livro Alma e Coração, psicografado por Chico Xavier, Emmanuel nos traz uma reflexão magna no capítulo ‘Amarás servindo’:

“Quando alguém te aponte os males do mundo, lembrar-te-ás dos que te suportaram as fraquezas da infância, dos que te auxiliaram a pronunciar a primeira oração, dos que te encorajaram os ideais de bondade no nascedouro, e daqueles outros que partiram da Terra, abençoando-te o nome, depois de repetidos exemplos do sacrifício para que pudesses livremente viver...”

Pensei nas tantas pessoas que me precederam, que me ajudaram, facilitando o meu ingresso e caminhada  neste Mundo...

Além de honrar pai e mãe, devemos honrar a todos os nossos antepassados, até os que não tivemos a oportunidade de conhecer.

Embora saiba que estamos interconectados, espero reencontrá-los, no Mundo dos Espíritos, para agradecer, abraçar e festejar os nossos progressos.  

“... e, mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família (extensa) se felicitará por haver salvo do naufrágio os que, por sua vez, poderão salvar outros...” – Capítulo XIV, item 9, ESE.

Emmanuel também me fez lembrar dos que, com muito sangue, suor e lágrimas, lutaram para que hoje eu possa gozar de vários direitos – em especial os direitos femininos - que se transformaram em regras legais.  Muitos morreram para que pudéssemos livremente viver...

Ah! Somos integrantes de uma grande e amorosa família! Porque os verdadeiros laços de família são os de simpatia e comunhão de ideias e não os de sangue. Laços eternos que nos prendem  antes, durante e depois das encarnações... 


terça-feira, 19 de maio de 2020

Casar pode dar certo?, por Ana Echevenguá




“Se me faltares, nem por isso eu morro, se é pra morrer quero morrer contigo, Minha solidão se sente acompanhada, Por isso às vezes sei que necessito teu  colo,  teu colo,  eternamente   teu colo.” (Iolanda - Pablo Milanés, versão de Chico Buarque)

João está triste. Ele foi levado à separação devido à “falta de companheirismo” da esposa. 

E eu passei a divagar sobre o tema: essa é uma justa causa para desfazer um casamento?; faltou companheirismo ou faltou também amor, paixão, respeito, enfim, o afectio societatis (vontade de permanecer associado a outra pessoa...? 

Não sei. Talvez nem João saiba.

Separar é uma das consequências previsíveis de um relacionamento. Os laços se atam e se desatam. E o comportamento racional é acatar a vontade manifesta do cônjuge que deseja romper os vínculos, abandonar o barco, ...

“Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado” – Chico Buarque

Claro que nem sempre a aceitação é mansa e pacífica. Na semana passada, por exemplo, um marido matou a mulher na frente dos filhos porque ela queria a separação: puniu-a com a morte após o manifesto interesse em extinguir a sociedade conjugal. 

“Se, ao te conhecer, dei para sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir” – Chico Buarque e Tom Jobim

Afinal, quais são os deveres do casamento?

Casamento é uma pequena sociedade, com vigência por prazo indeterminado, entre duas pessoas com interesses comuns. Implica direitos e deveres mútuos. Exige investimentos (não somente financeiros) diários para ‘manter a liga’ e obter êxito. 

Mas quais são os deveres do casamento? Eles não estão explícitos no respectivo contrato. Ficamos imaginando as regras do jogo (isso se aplica também à união estável, que ao casamento se equipara).

No Brasil, as normas vigentes preservam o casamento, a união estável... E a separação judicial sem justa causa, via de regra, deve ser consensual. Para a Lei 6.515/1977, a separação litigiosa só ocorre se um cônjuge “imputar ao outro conduta desonrosa ou qualquer ato que importe em grave violação dos deveres do casamento e tornem insuportável a vida em comum”. 

Talvez essa proteção à vida-a-dois tenha se materializado porque “amar supõe evoluir todos os dias, conhecer o outro cada vez melhor, construir com ele um lugar no mundo em que as pessoas, ao entrar, sentirão que ali existe vida, carinho sincero, vontade de acertar”; palavras do psicanalista Roberto Shinyashiki. 

A falta de companheirismo, então, pode configurar violação aos deveres do casamento e tornar insuportável a vida em comum? 

Eu e meu amigo João entendemos que sim. Embora no dicionário Aurélio, seu significado se resuma a ‘aquele que acompanha’, companheiro é cúmplice, é alguém que respeita, orienta, cuida e que, acima de tudo, investe positivamente no nosso sucesso. Se um dos sócios não mais dispensa este tratamento ao outro, pode estar cometendo injúria grave. E não mais poderemos falar em suportabilidade da vida em comum.

Casar pode dar certo?



Para Shinyashiki “todos os seres humanos possuem um grande objetivo na vida: viver em estado de pleno amor”.

Claro que não há fórmula mágica para a perpetuação das sociedades. E uma relação-a-dois envolve regras ímpares como o envolvimento sexual sem o mero intuito de procriar. Relegar esse aspecto pode implicar a falência da sociedade. Devido à sua relevância, a lei trata a conjunção carnal como um dever marital. 

Leonardo Boff, em seu artigo “Como não perder o rumo certo”, diz que “não se pode construir nenhuma sociedade minimamente humana assentada sobre a falta de cuidado, de justiça e de igualdade”. E que “Uma sociedade precisa da generosidade, da cooperação e do diálogo, da comunicação livre, numa palavra, daqueles valores que constroem a felicidade social”. 

Boff não está se referindo às relações matrimoniais ou similares. Mas seus argumentos são aproveitáveis a essas. 

As pessoas não se associam somente porque têm afinidades entre si; associam-se porque lhes convém o empreendimento. E precisam, para não perder o rumo certo deste, aplicar capital econômico e humano.  Ou seja, precisam alimentar cotidianamente a vontade de manter a sociedade.

Talvez, desta forma, os sócios-amantes possam consolidar os versos que o poeta cubano Pablo Milanês fez à sua Iolanda: “Quando te vi, eu bem que estava certo De que me sentiria descoberto A minha pele vais despindo aos poucos Me abres o peito quando me acumulas De amores, de amores, eternamente de amores...”.