sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A Doença Depressiva, o Indivíduo e o Mundo



Pedro Moacyr Pérez da Silveira, professor universitário


 A depressão tira as palavras da gente. Elas saem da boca, saem da cabeça, saem do coração. Enquanto tudo não passa, há uma tonalidade gris do mundo à volta, um vestíbulo do nada, que já parecemos ir encontrar, e uma falta de vontade geral do corpo e do cérebro.

Mas, não é falta de vontade. Não é inatividade por opção consciente. Não é uma negação das coisas porque as coisas são más em si, ainda que possam nesses momentos nos parecer. A depressão é uma doença, só uma doença, mas nos retira as canções que trazemos ao peito, os poemas que nos comovem a alma e o sorriso aberto que nos acompanhou pela vida afora. Quando estamos assim, tudo gira. Não há concentração. Não há leitura. Não há escrita. Só há o que não devia haver e que nos é incomum.

No entanto, sabermos que estamos doentes e procurarmos ajuda é importante, muito importante, ainda que tanto nos custe o próprio ato de buscar ajuda.

De qualquer forma, para que recuperemos música, emoção e sorriso alguma revolução há de ocorrer dentro de nós. Eu, por enquanto, penso que talvez haja, de fato, alguma propensão pessoal minha para viver, mesmo que por certo momentaneamente, esse estado de espírito, dentre tantos outros que já vivi.

Mas, pensando bem, o mundo em geral não anda tratando de nos trazer alegrias e paz. Queria deixar aqui minha constatação de que, sim, estou a enfrentar dificuldades que são minhas, só minhas, mas também denunciar que há coisas erradas na vida humana, independentemente do que possa eu sentir e para além de mim, que contribui para que venhamos a ficar tristes.

Travo duas lutas, agora: a de tentar me recuperar com o auxílio psicológico e de fármacos, mas também a política, para que se restabeleça um humanismo e alguma condição de igualdade e liberdade geral onde eu não me sinta vitimado apenas pelas minhas escuridões pessoais, mas também pela brutalidade da vida e seja isso de fato algo verdadeiro e não apenas ilusório, ou fruto de uma estratégia auto piedosa para continuar a viver.

Tenho apreço pelos indivíduos que conseguem lutar heroicamente nesses dois flancos, pois isso não é nada fácil. A tirania do mau-gosto, da hiper-informação, da perda de identidade dos lugares culturais dos homens e a chatice generalizada das coisas, quando se agrega às misteriosas tristezas e desamparos de um ser que também se perde dentro de si mesmo, fazem com que todos os dias, mesmo os ensolarados, sejam chuvosos, melancólicos e tragam suas doses de infelicidade.

Mas, um dia haverei de vencer essas fragilidades tão minhas. Só espero contar com outros, para vencer as outras fragilidades, as que são tão nossas. Essas, as do lado ruim do mundo, e que estão em expansão veloz e têm uma voragem arrebatadora e sem clemência pelos que vão matando pelo caminho de suas andanças.

Abaixo a feiura de tudo que despreza a arte, o engenho e a graça. Essa feiura também nos adoece, e talvez principalmente seja essa a consequência de sua ampliação incontrolável.

A Fantástica Fábrica de Brinquedos





Carolina Strelau, mãe de 1ª viagem.

- Mãe, compra isso?!?! - Quem já não ouviu essa famosa frase?
Minha filha tem 5 anos; pela manhã, ela assiste a desenhos animados na TV aberta. Estou quase desistindo de deixá-la continuar com essa rotina matinal. Sabem por quê?

Porque, a cada intervalo dos programas, há uma enxurrada de propagandas de bonecas e bonecos com 1001 itens e 1001 utilidades. E ela começa: “Mãe, tu podias comprar esse? E esse? E esse?”  

E assim,  vai a manhã inteira. Procurei por alguns dos produtos que a interessaram.  Bom, custam, no mínimo, R$ 100,00! Urruh! Nem que eu quisesse, poderia suprir as necessidades criadas pelo marketing infantil.


As TVs deveriam mostrar produtos mais educativos e com preços acessíveis. E não bonecas com cachorros que nadam ou com roupas que ficam brilhosas porque vem com uma cabine que deixa a roupa purpurinada!

Ainda que eu conseguisse comprar um desses itens por mês – porque todo mês tem data comemorativa (Dia da fada dos dentes, do Papai Noel, Dia das crianças, Páscoa...), quantos empregos eu teria que ter para bancar essa fantasia produzida pelos marqueteiros da indústria de brinquedos?!

Eu não sou dona de uma fantástica fábrica de dinheiro!!

Apesar de tantas e tantas conversas a respeito de economia e afins, estamos quase chegando a um acordo para tantos pedidos: É ‘não’ e pronto! Hahahahahah! 

Estamos colocando todos os pedidos no saco de pedidos do Papai Noel. Quem sabe, se ela se comportar direitinho, ele traz algum desses tantos brinquedos que a mídia incentiva a comprar.



quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Seminário sobre Prevenção de Suicídio em Iguatu, Ceará!



Ana Candida Echevenguá*

Notícia ótima! Os alunos do 9º. ano da Escola Municipal Maria Pacifico Guedes, localizada no Município de Iguatu, Ceará (quase 400 km distante da capital Fortaleza), realizaram, no último dia 18 de setembro de 2015, um seminário sobre Bulling e Prevenção ao Suicídio.



Aderindo à Campanha Setembro Amarelo “Um Grito pela Vida”, a professora Andreia Paula Araujo de Castro coordenou o trabalho com o objetivo de despertar o interesse dos alunos sobre o tema e as possibilidades de prevenção.


Após a explanação, os alunos distribuíram fitinhas amarelas aos colegas. 



Que ideia fantástica! Parabéns a todos os envolvidos! Falar sobre prevenção de suicídio é questão de saúde pública! Os números assustam! Suicídio, atualmente, mata mais jovens do que o vírus HIV. Segundo dados da OMS - Organização Mundial de Saúde -, 800 mil pessoas cometem suicidio anualmente. Trata-se da segunda principal causa mortis mundial entre as pessoas com idade entre 15 e 29 anos. E, para cada caso fatal há, pelo menos, 20 tentativas fracassadas.



No Brasil, o índice de suicídios entre os jovens com idade entre 15 e 29 anos ainda é pequeno: 6,9 casos para cada 100 mil habitantes. Somos o número 12 na lista de países latino-americanos com mais mortes neste segmento.

 Aos poucos, o assunto será tratado com mais urgência e naturalidade. Nas escolas principalmente. Por quê? Porque suicídio juvenil é assunto delicado. Para Ruth Sunderland, uma das diretoras da ong Samaritanos,  especializada na prevenção de suicídios, o suicídio juvenil é pouco estudado e compreendido. Sabe-se que, em geral, não há uma razão única para que o jovem decida se matar. O risco é maior entre populações mais pobres; o número de homens suicidas no segmento juvenil é maior do que o de mulheres. Experts falam ainda que o suicídio entre os jovens pode ter inclusive contornos epidêmicos.




Mais uma vez, parabéns à iniciativa da professora Andrea Paula. E aos seus alunos! Importante é divulgar que a prevenção é possível em 90% dos casos... quem fala a respeito disso é o jornalista e professor André Trigueiro. Ou seja, ele confirma que informação e prevenção salvam vidas!




* Ana  Candida  Echevenguá, OAB/RS  30.723, OAB/SC 17.413, advogada e articulista, especializada em Direito Ambiental e em Direito do Consumidor. Coordenadora do Programa Eco&Ação, no qual desenvolve um trabalho diretamente ligado às questões socioambientais, difundindo e defendendo os direitos do cidadão à sadia qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. email: ana@ecoeacao.com.br.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O Brasil é bem maior do que a Crise largamente anunciada!






Ana Candida Echevenguá*

É inegável que estamos vivenciando mais um período de Crise em nosso Brasil. Muito se deve às escolhas que fizemos no decorrer de nossa trajetória. Escolha de cidade, de síndico para o prédio em que vivemos, de compras e aquisições, de parceiros de negócios... de palavras para verbalizar o que sentimos e queremos... enfim, nossas escolhas definem nosso cotidiano! Relação causa-efeito.


Parece que, em decorrência da Crise – assunto da hora -, as redes sociais estão encharcadas de agressividade, de palavras chulas, de verbalizações impensadas...

Gosto da comunicação promovida no Facebook... encontro amigos, parentes distantes; reencontro pessoas queridas; aprendo na troca constante de informações salutares... Mas, confesso que estou espantada com a quantidade de mensagens e imagens produzidas por uma provável  Campanha Encomendada que fala que o Brasil faliu, que indica salvadores da Pátria Amada enquanto agride alguns dos atuais governantes... Estou bloqueando os adeptos deste modismo porque não quero ser contagiada negativamente por eles...



Podemos manifestar nosso inconformismo, apresentar sugestões para dias melhores... Contudo, amparados em posturas éticas, palavras agradáveis e em fundamentos seguros.

“Lembra-te que a palavra edificante será sempre doação do teu pensamento e de tua boca, beneficando a senda em que transites, e seja ensinando em assembleias ou conversando na intimidade, omite toda a imagem do mal para que o bem reine sempre. A frase construtiva e generosa é princípio de solução nos mais complicados processos de sofrimento” – orientação sábia de Emmanuel.


Assim, é de suma importância, neste momento complexo, refletir, analisar e entender as entrelinhas  do que a mídia - comprometida com os interesses pessoais da Minoria Dominante – quer injetar no nosso cérebro... Anuindo com este Circo de Terror, alargamos os horizontes da Crise!

       “... Indiscutivelmente há fome, guerra, miséria social e econômica porque o homem vive em crise de amor. O amor presente ou ausente é sempre o responsável pelo progresso ou envilecimento do indivíduo tanto quanto da sociedade. Por isso, aqueles fatores causais da desagregação econômica – que engendra a decadência social – são, antes de tudo, morais o que equivale afirmar, espirituais...” – Joanna de Angelis.

Gente, o Brasil é nosso! É nossa Mãe Gentil... é a Terra Adorada, Idolatrada... "Gigante pela própria natureza", é bem maior do que a Crise largamente anunciada... ainda temos paz, liberdade, segurança, riquezas naturais abundantes, recursos humanos primorosos, alegria,  saúde... 



Vamos mudar o foco, vamos olhar os aspectos positivos da Pátria Amada que tão bem nos acolheu! Vamos agir com cidadania e respeito!

E, acreditando  no valor e no poder da oração, vamos pedir – nestes dias conturbados - que um raio vívio de amor e de esperança a esta terra desça... Palavras poéticas do Hino Nacional.





* Ana  Candida  Echevenguá, OAB/RS  30.723, OAB/SC 17.413, advogada e articulista, especializada em Direito Ambiental e em Direito do Consumidor. Coordenadora do Programa Eco&Ação, no qual desenvolve um trabalho diretamente ligado às questões socioambientais, difundindo e defendendo os direitos do cidadão à sadia qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. email: ana@ecoeacao.com.br.