Carol Strelau, Mãe de 1@ viagem
É sabido que nós, mães, temos uma imensa dificuldade em usar essa palavrinha. Parece tão forte e quase o fim do mundo quando usamos com nossos filhotinhos: não!
Bom, enquanto nossos filhos
crescem, aumentamos a quantidade de vezes em que usamos esta palavra. Começamos
com o ‘não’ quando o bebê coloca algo que não deve na boca; seguimos com o ‘não’
quando vemos que vão mexer em algo que não devem e vamos adiante... serão muitos
outros ‘não’ ao longo da vida de nossos pequenos.
Esse ‘não’ nem sempre é bem
recebido. Pode vir com um simples chorinho ou com uma imitação de ataque
epilético seguido de gritos e muito choro que podem matar qualquer mãe de
vergonha em locais públicos. Ainda bem que a minha filha nunca fez uma ceninha
dessas! Mas, já vi algumas crianças usarem isso como forma de convencer seus
pais do que querem.
Bom, esse texto não se trata dos
nossos ‘nãos’ que, geralmente, são ditos com amor e pra evitar decepções, arranhões,
dores, ... As mães sabem a hora de dizer o ‘não’ e como dizê-lo. Quero falar do
‘não’ que vem de fora?!
Como assim “de fora”?! Bom, vou
explicar o que aconteceu comigo. Minha filha, de 10 anos, faz aulas de balé.
Ela tem uma professora maravilhosa, amorosa, atenciosa e outros mais “osas” que
pudermos usar como elogios. O fato é que moro na cidade da dança, Joinville,
onde está a sede do Bolshoi no Brasil. E esta semana foram abertas as
inscrições para as bolsas de estudo para 2016. Claro que inscrevi a minha filha!
Apesar de nunca termos sonhado com a possibilidade de ela ser uma bailarina
profissional talentosa que dançasse pelo mundo inteiro, resolvi arriscar pois,
no momento, é o que ela está amando fazer.
Ocorre que a maioria dos pais não se preocupa em
orientar psicologicamente seus filhos... Coisas da vida! Talvez porque também
não tenham recebido este exemplo de seus pais. A estressante jornada de
trabalho, com horas extras infinitas para poder suprir as despesas de suas
famílias, rouba-nos boa parte do tempo de convívio com nossos filhos, horas
preciosas em que os pais poderiam ser um pouco criança, brincar com seus filhos
e explicar, conforme a situação atual, como funciona a vida lá fora...
Confesso que não me sinto uma PHD
para orientar minha filha a respeito das perdas e dos ‘não’ que receberá ao
longo da vida... No entanto, conforme ela for enfrentando situações deste tipo, conseguirei orientá-la
da melhor forma possível. Se não passar na seleção do Bolshoi, estaremos
prontas pra seleção do ano que vem, se isso for sua vontade.
Pais auxiliam na realização dos
sonhos dos filhos. Mas, por mais que se esforcem, dificilmente estão aptos a
lidar com suas frustrações. Porque um ‘não’, às vezes, dói mais na gente do que
neles...