sábado, 2 de maio de 2020

Não somos números, por Ana Echevenguá


A população brasileira está sofrendo os impactos do Covid-19. O website oficial - https://covid.saude.gov.br/ - apurou, ontem, 6.329 óbitos e 91.589 casos confirmados.  

Infelizmente, iniciamos o mês de maio com estes números.
Dados de um desencarne coletivo de seres humanos que foram contagiados pelo coronavírus e pelo vírus da ignorância. Ingenuamente, ignoraram os riscos do contato com outro ser humano, ignoraram as precárias condições do sistema de saúde brasileiro, ignoraram a importância da escolha dos nossos  governantes, ignoraram  a própria fragilidade...

Até ontem, oficialmente, 6.329 mortos. Um número que cresce diariamente... Números? Dados? Não; não são números somente... Cada um desses mortos tem nome, sobrenome, histórico familiar e currículo profissional... são mais do que simples  números numa grande listagem oficial do Brasil. Seres humanos insubstituíveis que partem sem a possibilidade da despedida, sem as homenagens que nossa cultura nos ensinou... deixando aqui seus amores, lembranças, muita saudade...   

A notícia destas mortes nos entristece... experimentamos um processo de luto coletivo que vai ficar impregnado na nossa memória por muito tempo, vai atingir as próximas gerações... 
 Segundo o psicanalista Luiz Alberto Py, “não existe nada mais doloroso para nosso espírito do que o sofrimento causado pela perda de alguém que amamos”.  

Com certeza, doutor Py... e, na pandemia, esse sofrimento recrudesce. 

Enquanto a cura não chega, muita paz e resiliência para todos os que se encontram entristecidos, enlutados,  sentindo a mesma dor do poeta que cantou “naquela mesa ta faltando ele e a saudade dele ta doendo em mim...”.  

Não estamos imunes a essa dor, mas precisamos encontrar uma maneira de seguir adiante, sabendo que não há fórmulas mágicas... 
Por enquanto, vamos tentar colocar em prática o que aprendemos dentro das nossas religiões, dos nossos estudos espiritualistas. 
Isso nos trará um pouco de conforto e de coragem pra suportarmos esta despedida temporária, honrando a memória dos que partiram um pouco antes de nós... Repito: a despedida é temporária. Um dia, haverá o abençoado reencontro.



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