quarta-feira, 29 de abril de 2020

Uma sociedade sem medo; é possível?, por Ana Echevenguá



Geralmente, o medo advém de um perigo ou uma ameaça, reais ou  imaginários. Mas, também, pode ser fruto de nossa  insegurança diante dos entraves da vida. 

Claro que, relacionado ao nosso  instinto de sobrevivência, o medo da morte ou das catástrofes naturais, é positivo, autoprotetor. Nossa incolumidade depende disso!

Estamos imersos numa sociedade de consumo, de constantes promessas, bombardeados por ofertas do mercado que nos arrastam para o ‘querer ter’, para adquirir bens materiais a qualquer preço... assim, imaginamos nossa felicidade  e sucesso diretamente ligados a aquisições materiais: o carro do ano, o último aparelho celular lançado,  a megacasa na praia, a família dos comerciais de margarina, por exemplo... 

Pautados por este materialismo exacerbado, sob fortes pressões socioeconômicas e psicológicas, educamo-nos para sermos competitivos, frívolos e egoístas, destituídos de solidariedade e de empatia. E agimos assim, naturalmente, tanto  no mercado de trabalho como na vida social e afetiva... 

Nesta sociedade pautada pelo ‘ter’ e não pelo ‘ser’ floresceu um exército de seres emocionalmente inseguros e amedrontados, que, para consumir mais, precisa competir muito... 



Movidos por um exagerado individualismo, adotamos o medo por norma de ação. Vivemos assombrados pelo medo de fracassar, pelo medo de não pertencer ao grupo dos consumistas, dos vitoriosos, dos que  podem “ter”... E, obviamente, dentre os fantasmas que nos rondam estão as perdas do emprego, do cartão de crédito, do relacionamento amoroso... 

Este medo nos adoece, nos deixa frágeis e nos afasta das melhores oportunidades de progresso. Na tentativa de fugir do sofrimento que esta  fragilidade provoca ingressamos na drogadição, na prática de atos ilegais e violentos, no suicídio,... muitas vezes, perdemos sucessivas reencarnações pelo medo de enfrentar problemas necessários ao nosso burilamento. 

Como quebrar este círculo vicioso?

Entendendo, inicialmente, que somos um Espírito vivendo uma experiência carnal neste Planeta; em estágio educativo. E que neste Espírito vamos encontrar as origens do nosso medo; este pode resultar dos atos praticados na atual encarnação, das experiências passadas, de sintonia com outros Espíritos – encarnados ou não -  com os quais mantemos intercâmbio... um longo processo de autoconhecimento... você está preparado?

Entender ainda que vivenciar problemas é o preço pago para evoluir. Conhecimento exige experiência; e não há experiência sem provas. 

Segundo Joanna de Ângelis, encontraremos a cura do medo nas certezas trazidas pelo Espiritismo: a certeza de que somos filhos de Deus e irmãos de Jesus, a certeza da imortalidade e da reencarnação, a certeza de que a Terra é uma grande escola na qual reencarnamos para o aprendizado necessário à nossa evolução espiritual... 

Aprendendo a cultivar a fé raciocinada, poderemos entender o significado da empatia, da dedicação ao trabalho solidário, observando e entendendo a dor dos nossos irmãos de caminhada... isso também é terapia que nos conecta a experiências externas positivas.

Aos poucos, o otimismo e a segurança vão ocupando o lugar do medo. “Ser” vai se tornando mais importante do que “ter”. 
Tudo fica mais leve, facilitando o entendimento de que somos aprendizes: se hoje uma porta se fecha, amanhã outra vai se abrir; as oportunidades positivas nos aguardam a cada manhã... é o exercício da fé raciocinada...   

De ora em diante, quando o medo surgir, vamos respirar fundo, relaxar, com a certeza de que estamos aqui para aprender, evoluir, ser feliz. Esta felicidade não está atrelada ao “ter”, aos  pseudossucessos mundanos, que mais atrapalham do que ajudam. 

Aos poucos, vamos retirando o medo de nossas vidas... somos seres espirituais, portadores de centelha divina, convidados de honra de Deus para ajudar na cocriação de um mundo melhor, permeado de amor e paz. Há muito trabalho a nossa espera!


Nenhum comentário:

Postar um comentário