quinta-feira, 26 de março de 2020

Os sinos da Matriz, por Ana Echevenguá


Todo dia, às 18hs, os sinos da Igreja Matriz começam a cantar, espalhando sua melodia pela cidade... talvez o som chegue até os morros verdejantes que nos circundam. 

A este chamado mágico, as pessoas vão pras janelas de suas casas... por causa da pandemia, somos convidados a, neste momento, orarmos juntos. As palavras do padre, que nos chegam através de um alto falante, após o cessar dos sinos, harmoniza-nos, facilitando o contato com o Criador.

Dificilmente via meus vizinhos. O vai e vem da vida, antes da quarentena,  não me permitia isso. Tudo tão corrido!

Agora, nesses finais de tarde, posso vê-los porque eles saem às janelas, convidados amorosamente a essa reconexão com Deus. E, em grupo, pedimos, agradecemos, conversamos com Ele...

Vejo que minha vizinha, do prédio ao lado, chora silenciosamente enquanto ora de olhos fechados... talvez emocionada, talvez sinta medo, talvez sinta saudade... uma senhora idosa, viúva, que mora sozinha... Diante de um perigo tão desconhecido, tememos por nossos amores, por nós mesmas...

Quando terminam as preces, sorrimos e acenamos uma pra outra... sinto que este gesto tão simples nos enche de esperanças, como se disséssemos:  Coragem, Deus está cuidando de nós!!! Tudo isso vai passar...

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