quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Um Dia Nacional para o Perdão, por Ana Echevenguá






 “Examinei primeiro os homens, e achei que, nesta infinita diversidade de leis e de costumes, eles não eram conduzidos somente por suas fantasias.” Montesquieu


Uma boa notícia: a Lei 13.437/2017 instituiu em nosso calendário o ‘Dia Nacional do Perdão’[i]. 30 de agosto. Não será feriado; mas uma oportunidade para reflexão a respeito do tema.

Por favor, não pensem que se trata de absurdo ou desvio de finalidade utilizar a máquina governamental ou a Administração Pública para elaborar regras como essa! A paz é o estado original do ser humano em seu aspecto real. Incentivar a busca dessa natureza verdadeira não é tarefa limitada às filosofias ou religiões. Deve ser a prioridade dos governos no estabelecimento de políticas públicas nas áreas da educação, da saúde, do esporte, da cultura e do lazer”.[ii] Este trecho, extraído da Justificativa do Projeto de Lei, demonstra claramente que o objetivo primordial da norma em apreço é promover uma reflexão crítica acerca de um grave problema social que aflige a nossa sociedade: a violência.

“O acúmulo frequente de problemas sociais desencadeia uma série de atos violentos (verbais e não-verbais) nos mais diversos patamares. Isso faz com que a população esteja mais propensa à intolerância, à impaciência, à revolta e a outros males que acabam por fomentar um estado de violência. A retenção de mágoas, rancores e desesperanças é particularmente perigosa para o bem-estar coletivo. O caminho para superar essas situações é incentivar e cultivar o exercício e a prática do perdão”.

Ou seja, trata-se de Lei com aspecto preventivo porque o ato de perdoar afasta o sentimento de vingança e, consequentemente, inibe a geração de mais violência. Torna-se, então, uma poderosa arma de prevenção a esse mal”. ii

Um dos filhos da autora do Projeto de Lei – deputada federal Keiko Ota - foi vítima de sequestro e homicídio. Ainda assim, sentiu-se impulsionada a criar uma lei que trate do perdão porque entende que este  é um mecanismo que proporciona a quem foi prejudicado (a) a sensação de paz. Ao assumir essa responsabilidade, a pessoa se sente e se torna sujeito de sua própria história, e não mais uma vítima da situação”. 

“Com a instituição do “Dia Nacional do Perdão”, a ser celebrado anualmente na data de 30 de agosto, queremos propor uma reflexão da sociedade brasileira a respeito desse importante tema, além de ressaltar a luta dos diversos movimentos sociais e familiares por justiça como é o caso da União em Defesa das Vítimas de Violência. Como exemplo, lembro a memória de meu filho Ives Ota, sequestrado e assassinado brutalmente aos oito anos. Eu e o meu marido, Masataka Ota, perdoamos aqueles que causaram esse mal à minha família”. ii

 Vamos espalhar essa boa nova, assimilando o Espírito da Lei em comento, que é nobilíssimo!  Talvez seja este o primeiro passo de uma longa caminhada que fará do perdão algo corriqueiro em nossas vidas!

Lembrando alguns versos de Cecilia Meireles, em seu poema ‘Nem tudo é fácil’, no qual ela lança vários questionamentos. Dentre estes: “É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado? Se alguém errou com você, perdoa-o... É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?

Questiona e, sabiamente, conclui de uma forma simples, otimista  e amorosa:Nem tudo é fácil na vida... Mas, com certeza, nada é impossível. Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!”

Perdoar exige grande esforço pessoal. Mas, se tivermos boa vontade, se estivermos movidos pelo ímpeto de mudanças positivas em nossa vida, o caminho terá mais flores do que pedras... 

Perdoar, acima de tudo, é uma prova de amor a nós mesmos, que estamos em constante processo de evolução! É compreender que as faltas daqueles que não se afinam conosco poderiam ter sido nossas e imaginar quão felizes nos sentiríamos se tivéssemos, porventura, os nossos erros desculpados e esquecidos por aqueles aos quais tenhamos ofendido." [iii]




[i] http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITOS-HUMANOS/483901-CAMARA-APROVA-O-DIA-NACIONAL-DO-PERDAO.html?utm_campaign=boletim&utm_source=agencia&utm_medium=email.
[ii] http://www.camara.gov.br/sileg/integras/953285.pdf
[iii] Emmanuel, do livro Monte Acima, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

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