“Examinei primeiro os homens, e achei
que, nesta infinita diversidade de leis e de costumes, eles não eram conduzidos
somente por suas fantasias.” Montesquieu
Uma boa notícia: tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei
6128/13 que pretende instituir em nosso calendário o ‘Dia Nacional do Perdão’*. 30 de agosto. Não será feriado; mas uma
oportunidade para reflexão a respeito do tema.
Por favor, não pensem que se trata de absurdo
ou desvio de finalidade utilizar a máquina governamental para elaborar regras como
essa! “A paz é o estado original do ser
humano em seu aspecto real. Incentivar a busca dessa natureza verdadeira não é
tarefa limitada às filosofias ou religiões. Deve ser a prioridade dos governos
no estabelecimento de políticas públicas nas áreas da educação, da saúde, do
esporte, da cultura e do lazer”**. Este trecho,
extraído da Justificativa do Projeto de Lei, demonstra claramente que o
objetivo primordial da norma em apreço é promover uma reflexão crítica acerca
de um grave problema social que aflige a nossa sociedade. Refiro-me à violência.
“O
acúmulo frequente de problemas sociais desencadeia uma série de atos violentos
(verbais e não-verbais) nos mais diversos patamares. Isso faz com que a
população esteja mais propensa à intolerância, à impaciência, à revolta e a
outros males que acabam por fomentar um estado de violência. A retenção de
mágoas, rancores e desesperanças é particularmente perigosa para o bem-estar
coletivo. O caminho para superar essas situações é incentivar e cultivar o
exercício e a prática do perdão”**.
Ou
seja, trata-se de um Projeto de Lei com aspecto preventivo porque “o ato de perdoar afasta o
sentimento de vingança e, consequentemente, inibe a geração de mais violência.
Torna-se, então, uma poderosa arma de prevenção a esse mal”**.
Um dos filhos da autora do Projeto de Lei – deputada federal Keiko Ota - foi vítima
de sequestro e homicídio. Ainda assim, sentiu-se impulsionada a criar uma lei
que trate do perdão porque entende que este “é
um mecanismo que proporciona a quem foi prejudicado (a) a sensação de paz. Ao
assumir essa responsabilidade, a pessoa se sente e se torna sujeito de sua
própria história, e não mais uma vítima da situação”*.
“Com
a instituição do “Dia Nacional do Perdão”, a ser celebrado anualmente na data
de 30 de agosto, queremos propor uma reflexão da sociedade brasileira a
respeito desse importante tema, além de ressaltar a luta dos diversos
movimentos sociais e familiares por justiça como é o caso da União em Defesa
das Vítimas de Violência. Como exemplo, lembro a memória de meu filho Ives Ota,
sequestrado e assassinado brutalmente aos oito anos. Eu e o meu marido,
Masataka Ota, perdoamos aqueles que causaram esse mal à minha família”**.
Enquanto escrevia, lembrei-me de alguns versos de Cecilia Meireles. Em
seu poema ‘Nem tudo é fácil’, ela lança vários questionamentos. Dentre estes: “É
difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado? Se alguém errou
com você, perdoa-o... É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se
arrepender?”
Questiona e, sabiamente, conclui de uma forma simples, otimista e amorosa: “Nem tudo é fácil na vida... Mas, com certeza, nada é
impossível. Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos, mas também tornemos todos esses
desejos, realidade!!!”
Óbvio que perdoar exige
grande esforço pessoal. Mas, se tivermos boa vontade, se estivermos movidos
pelo ímpeto de mudanças positivas em nossa vida, o caminho terá mais flores do
que pedras...
Joanna de Angelis, no livro
Vida Feliz, sintetiza a tarefa de perdoar com a seguinte orientação: “Deixa no chão
do esquecimento a ofensa que te dirigem e segue na direção do amor que te
aguarda”.
Perdoar,
acima de tudo, é uma prova de amor a nós mesmos, que estamos em constante
processo de evolução! “É compreender que
as faltas daqueles que não se afinam conosco poderiam ter sido nossas e
imaginar quão felizes nos sentiríamos se tivéssemos, porventura, os nossos
erros desculpados e esquecidos por aqueles aos quais tenhamos ofendido." ***
Vamos espalhar essa boa nova, assimilando o Espírito da Lei
em comento, que é nobilíssimo!
Vamos recebê-la de braços abertos,
quando promulgada. Talvez seja este o primeiro passo de uma longa caminhada que
fará do perdão algo corriqueiro em nossas vidas!
* - http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITOS-HUMANOS/483901-CAMARA-APROVA-O-DIA-NACIONAL-DO-PERDAO.html?utm_campaign=boletim&utm_source=agencia&utm_medium=email.
** - http://www.camara.gov.br/sileg/integras/953285.pdf
*** - Emmanuel, do livro Monte Acima,
psicografado por Francisco Cândido Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário