segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Afinal, o que é efeito colateral?

artigo de Américo Marques Canhoto, médico

Nossa vida, a das pessoas comuns, é uma mixórdia de verdades, conceitos, idéias, interpretações, pontos de vista. Embora nós sejamos todos um; precisamos nos comunicar enquanto individualidades – e uma das formas é através da palavra falada e escrita.
 
Mas, palavras não são apenas, símbolos gráficos ou sonoros – são chaves ou fechaduras que nos aprisionam ou libertam…

Descuidamos de aprender o poder de usarmos de forma correta as palavras: esses pequenos arranjos de letras que podem mudar o rumo de muitas vidas.
A forma com que nos comunicamos representa uma atitude: uma maneira de estar no mundo; e que pode fazer a diferença entre ser feliz e realizado ou não; sadio ou doente; companhia desejada ou não.


A arte da comunicação se aprende dentro de cada um de nós; e com tudo os que nos rodeia.
 

Quando ouvimos o termo comunicação logo nos vem à mente a imagem de duas pessoas conversando. Esquecemos da principal forma de comunicação que é a interna: nosso corpo mental se comunicando com o emocional, o astral e o organismo físico.
 
A comunicação externa também implica qualidade de vida de forma intensa; pois, somos seres interativos e interdependentes em múltiplos sentidos.
Nosso tema de hoje: EFEITO COLATERAL.


Em princípio, é um efeito diferente daquele considerado como principal. Nem sempre é um efeito adverso; pois há muitos efeitos colaterais relativamente positivos. Dependendo do ponto de vista, há efeitos potencialmente benéficos além do principal. Como costumamos dizer no popular: “Há males que vem para bem”. A gosto do freguês, diríamos.
O fato é que estamos encrencados, pois ninguém consegue se colocar de forma clara através das palavras. Até o próprio Jesus “embananou a cabeça das pessoas” com a considerada máxima: “Bem aventurados os aflitos”. Quantos desastres pessoais e coletivos não se produziram ao longo dos últimos milênios com a interpretação dessa e de outras de suas falas. Evidente que ele não poderia citar Lavoisier: “nada se cria; tudo se transforma”. Muito menos poderia usar para explicar sua idéia principal neste caso, a Lei da Relatividade proposta por Einstein.

Esquecendo as propostas de Jesus voltadas para uma vida eterna no além-morte - e permanecendo nos interesses da maioria dos ainda mortais –, como dizer a um comilão que sua gastrite pode ser a tábua de salvação para uma vida mais saudável? De que forma é possível fazê-lo entender o recado que está a mandar a si mesmo? Que a gastrite é o efeito colateral do desempenho de sua pobre mente? Que os efeitos colaterais dos remédios que usa representam um atestado de falta de competência em estar aqui?

Desconfio, suponho que o problema reside além da nossa pobreza de raciocínio. Também, basicamente, na falta de clareza das nossas intenções. Dependendo delas, nós transformamos -num piscar de olhos - paradigmas em paradoxos cósmicos.
 
Seremos o efeito colateral de uma idéia criativa de Deus?

Levando para o lado que a maioria entende e gosta de pensar a respeito do assunto: os remédios.
A indústria farmacêutica, em teoria, está assentada na ciência (mãe de todas as sabedorias) e que se fundamenta em paradigmas ou modelos de padrões científicos para criar remédios. Mas, a cada dia, ela se atualiza e moderniza em cima dos efeitos colaterais das idéias iniciais. A maioria dos remédios, que as pessoas usam na vida contemporânea passam a ser comercializados a partir do estudo de um efeito colateral. Na parte comercial e de mercado, a própria cura passa a ser apenas um efeito colateral. Pois a idéia básica é manter as pessoas vivas para que continuem consumindo os remédios de uso contínuo.


Material para reflexão:

Gosta de ser visto (mesmo que apenas por si mesmo) como um paradigma social, um modelo a ser seguido (padronizável, anda na moda) ou um paradoxo (o que parece ou é contrário ao senso comum; é o oposto do que alguém imagina ou pensa ser a verdade)?

Já teve a curiosidade de perguntar a seus pais; se é um efeito colateral positivo, desejado ou um efeito colateral tradicional?
Seremos nós hoje o efeito colateral de como nos víamos no passado?

Acredita em algo de uso seguro; qualquer coisa que seja?
Isento de efeitos colaterais?
Que uso estamos fazendo dos nossos efeitos colaterais

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