domingo, 31 de julho de 2011

“Flor do Deserto” – o filme

 “Na real, todas nós somos castradas de alguma maneira. Pela vida, por algum homem, pela sociedade... acho que você me entende.” Renata Cowalski

Ontem, vi a estréia de “Flor do Deserto”. Mulheres maravilhosas, não percam esta oportunidade! Um filme bem feito que, incompreensivelmente, não recebeu premiações. Ou maior divulgação na mídia.
O roteiro envolve várias vidas femininas; mulheres guerreiras e decididas que integraram o cotidiano da protagonista Waris Dirie, ex-modelo somali que teve coragem de trazer ao público sua biografia. Com isso, deu início à luta contra a tradicional circuncisão feminina que, ainda hoje, é praticada. Diariamente, 6.000 mil crianças, no mundo, ainda são vítimas desta mutilação que causa danos físicos e psicológicos irreversíveis.
Em um dos momentos mais marcantes do filme, Waris confessa que, ao ver tanto sofrimento entre as mulheres de seu povo, não gostaria de ter nascido mulher.
Que mulher ainda não teve este pensamento? Porque o tratamento que nos é dispensado, nos quatro cantos do mundo,  é o mesmo. Lutamos a cada dia por um lugar na Terra. Sofremos mutilações, cortes, cerceamentos, violência física ou psíquica. Dentro do lar; fora deste...
Os gritos da Waris-bebê, ao ser circuncidada da maneira primitiva e brutal, ainda ecoam nos meus ouvidos. Mas, é marcante também a dor silenciosa da mãe de Waris, que a segura com força para a ‘cirurgia’, ao ar livre, em cima das pedras, debaixo do sol... agiu assim após ter levado a criança, carinhosamente, para o sacrifício. E a gente entende que, na cabeça daquela mãe, não havia alternativa: abrir mão desta tortura seria condenar sua filha a ser impura, indigna de um casamento; enfim, jogá-la à prostituição. Tradição que não se contestava.
Veja o filme; ria e chore com os personagens; reflita sobre o tema; e conclua que a nossa força é tão grande que pode mudar o rumo das nossas vidas...
Ana Echevenguá, cinéfila, e-mail: ana@ecoeacao.com.br, website: www.ecoeacao.com.br.

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