Na
minha infância, cercada de amor,
Tão
importante quanto o Natal
Era
a noite de São João.
Nossa
mãe nasceu dotada
de
tanta imaginação!
Parecia
professora de arte:
Papelzinho
sob o travesseiro,
Com
o nome de meninos bonitos,
Pra
saber com quem eu casaria...
Clara
de ovo na geada
Pra
ver que imagem e forma surgiriam...
Roupa
molhada no varais
Pra
recolhê-la congelada
Cheiro
de pipoca, amendoim torrado, de pão,
De
rapadura e puxa-puxa...
Sabem
do que mais?
A
gente fazia bandeirinhas,
Coloridas,
lindas, miudinhas,
E
fazia o grupe pra grudá-las no cordão...
Nosso
quintal tinha tanta planta:
Laranjeira,
limoeiro, limeira, bergamoteira...
Mas,
nossa mãe, artista e autoritária,
Só
nos deixava arrancar fruta do pé
Depois
da noite de vinte-e-quatro,
Depois
que São João as adoçasse
Derramando
sobre elas seu xixi...
Estórias
de mãe zelosa,
Sabem
bem como é?
E
naquela noite escura, longa e congelante,
eu
ia pra cama, feliz da vida,
De
barriga cheia, com os pés quentinhos,
imaginando
um São João jovem e sapeca,
Sorridente,
brincando com a lua e estrelinhas,
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