quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Suicídio - informar é preciso, por Ana Echevenguá



“Quem dera pudesse A dor que entristece fazer compreender Os fracos de alma, Sem paz e sem calma ajudasse a ver A vida é bela, Só nos resta viver” – Ângela Ro Rô.

 
A nossa Lei Maior garante o direito à vida aos brasileiros e aos estrangeiros que aqui residem. Direito in-vio-lá-vel! Declara que um dos fundamentos do Brasil é a dignidade da pessoa humana; e aponta, dentre seus objetivos fundamentais, construir uma sociedade livre, justa e solidária e promover o bem de todos.

Com tudo isso no papel, parece que, de fora pra dentro, estamos protegidos. Toda a máquina administrativa do Brasil movimenta-se – ou deveria atuar desta forma - para colocar em prática tais regras.

O ser humano precisa viver e ter condições dignas e justas para tanto. Caso isso não ocorra, devemos reclamar, espernear, brigar, bater panela...

Mas, de dentro pra fora, acho que não estamos nem aí pra essa história de viver. Ou de sobreviver. Sabiam que a autopreservação está tão em baixa que já foi criado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, pela Organização Mundial da Saúde? 

Sim. Dia 10 de setembro.



Nos países europeus, ocorrem 13 suicídios por 100 mil habitantes. No Brasil, o número é menor: 6,5 suicídios pela mesma quantidade de habitantes. Ocupa o terceiro lugar entre os óbitos não naturais; só perde pros acidentes de trânsito e pros homicídios.

Você sabia disso?

Ou seja, suicídio é um dos tantos problemas – sérios - de saúde pública que está debaixo dos tapetes.

Recentemente, o Estadão1 quebrou o silêncio sobre o assunto: “Se a cada dia cinco baleias aparecessem mortas nas praias, certamente o fato mereceria as capas dos jornais”.

E ouviu o pesquisador Neury Botega, professor titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas: “Os números são apenas a ponta do iceberg, pois, para cada suicídio, estima-se que haja pelo menos 20 tentativas. E, para cada caso de tentativa que atendemos no hospital, outras cinco pessoas, na comunidade, estão planejando e 17 estão pensando seriamente em pôr fim à vida”. 



Atenção: os adolescentes merecem cuidado especial. No mundo, já é a terceira causa mortis entre jovens de 15 a 35 anos. Segundo o professor Botega, adolescentes grávidas têm 3 vezes mais chances de tentar suicídio.
 
Estes números me lembraram da música ‘Pais e Filhos’2, cantada pelo grande Renato Russo: “Ela se jogou da janela
Do quinto andar Nada é fácil de entender...”.

O que fazer a respeito?

Uma das sugestões de Botega é informar e sensibilizar a sociedade sobre o problema: “tirar o suicídio da penumbra é fundamental. É preciso uma comunicação ampla e responsável sobre o assunto”. 



Também extraí uma dica de um dos textos do doutor Américo Marques Canhoto3: “Para atenuar a tendência depressiva, procuro inventar motivos e metas para levar o cotidiano; e começo a descobrir, a cada dia, que viver vale muito; e que é preciso voltar a ser criança – SEM EMBURRAR”.


Ana Echevenguá, advogada ambientalista, coordenadora do Programa Eco&Ação

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